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Conteúdo técnico: Com ciência e tecnologia, indústria de alimentos vive transformação

Engenheiras de alimentos avaliam cenário e comentam sobre a importância da profissão


Carne à base de plantas, leite de soja e macarrão de insetos? Se há alguns anos era praticamente impossível imaginar a existência de alimentos como esses, hoje eles não só estão presentes no prato de milhões de pessoas como fazem parte de um mercado em constante expansão. Isso porque, diante do desafio de alimentar uma população que não para de crescer e, ao mesmo tempo, buscar uma produção mais sustentável, startups do setor alimentício têm ganhado espaço e movimentado a indústria.


Para se ter ideia, no Brasil, os investimentos em foodtechs e agritechs chegaram a US$ 755 milhões em 2022, segundo o Report Investimentos no Sistema Alimentar 2023. Esse valor representa 16,7% do total investido em startups, atrás apenas das fintechs (startups do ramo financeiro), que receberam 36% dos financiamentos. Atualmente, há cerca de 340 foodtechs no país, sendo que 100 usam tecnologia para criar pratos e bebidas, principalmente com matérias-primas alternativas. 


Um levantamento realizado pela PwC Brasil em parceria com a Liga Ventures, entre 2019 e 2021, mostrou que a maior parte dessas empresas, quase 49%, era concentrada em São Paulo, seguido por Santa Catarina e Minas Gerais, com 8,33% cada.



Foodtech (tecnologia de alimentos): atua na inovação e na aplicação de tecnologia em produtos alimentares e na indústria de alimentos em geral. 


Agritech ou agtech (tecnologia agrícola): atua com agricultura e produção de alimentos, visando melhorar a eficiência, a sustentabilidade e a produtividade nas atividades agrícolas.



“Esse cenário é muito positivo, pois, além de diminuir custos e levar mais praticidade para o dia a dia, as novas tecnologias aplicadas em diferentes áreas do setor alimentício desempenham papel fundamental na sustentabilidade, na qualidade dos produtos e na vida das pessoas. Isso ocorre desde a agricultura, passando pela produção dos alimentos, pela cadeia de fornecimento, até o canal de distribuição”, explicou a engenheira de alimentação Claúdia Cristina Paschoaleti. 


Alguns alimentos que integram esse universo podem soar pouco convencionais, e até mesmo controversos, na hora de substituir ou complementar nutrientes. Mas, para a engenheira de alimentação Flávia Estevam, a inovação da Engenharia de Alimentos está exatamente no inesperado, ou no que era esperado, mas que ninguém poderia imaginar há algumas décadas. Ela ressalta que isso está ligado à possibilidade de aliar o que é necessidade e desejo dos consumidores às tendências e anseios do mercado em oferecer opções mais saudáveis, práticas ou até para suprir a escassez de determinados alimentos. 


“É o que há de mais inovador para atender um público cada vez mais consciente, atento e exigente, como veganos, vegetarianos e flexitarianos, que desejam carne que não é carne, leite que não leite, e assim por diante”, afirma. Ela pontua que, graças à ciência e a tecnologia, há uma infinidade de produtos para muitos gostos e hábitos alimentares, sem deixar de ter sabor e, sobretudo, de ser nutricionalmente completo e seguro para consumo. Uma profissão em constante aperfeiçoamento Em meio a tantas novidades e transformações, profissionais que atuam nesta indústria têm um papel fundamental. 


No caso dos engenheiros de alimentos, “a inovação é justamente atrelar tudo isso à segurança dos alimentos que serão consumidos pela população”, segundo Flávia. Por sua vez, Cláudia acrescenta que questões como a qualidade nutricional, sensorial e o impacto na saúde de alimentos processados são preocupações permanentes dos consumidores. “Tudo isso exige um constante aperfeiçoamento dos profissionais atuantes nesse setor industrial”, reforçou. 


Para ambas, acompanhar as transformações do mercado é um grande desafio. Por isso, quem se forma em Engenharia de Alimentos deve estar antenado ao que a indústria trabalha atualmente, observando as novas tecnologias e técnicas. O ideal é que esse profissional busque informações, seja no campo da inteligência artificial ou nas gôndolas. 


Além disso, a criatividade deve estar presente em todas as etapas, seja para inovar com produtos diferentes ou para melhorar processos existentes, garantindo a produção de alimentos cada vez mais seguros e nutritivos. 




Legislação

A profissão de Engenheiro de Alimentos é regulamentada principalmente por duas normativas:


Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966

Esta lei regulamenta o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e serve como base para a atuação de todos os engenheiros no país, incluindo os de alimentos. Ela define os títulos profissionais, o exercício legal da profissão e as atribuições profissionais de forma mais genérica.


Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973, do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia)

Essa resolução discrimina as atividades das diferentes modalidades profissionais da engenharia, e o seu artigo 19 especifica as atribuições do Engenheiro Tecnólogo de Alimentos, que atualmente se aplica ao Engenheiro de Alimentos.



Principais atribuições do Engenheiro de Alimentos


Com base na legislação e nas normativas do CONFEA, as atividades do Engenheiro de Alimentos abrangem, mas não se limitam a:


Supervisão, coordenação e orientação técnica: Em todos os processos da cadeia produtiva de alimentos.


Estudo, planejamento, projeto e especificações: Desde a concepção de novos produtos e processos até o dimensionamento de equipamentos e instalações industriais.


Estudo de viabilidade técnico-econômica: Para projetos e investimentos na indústria de alimentos.


Assistência, assessoria e consultoria: Em questões técnicas relacionadas à produção, controle de qualidade, segurança alimentar, entre outros.


Direção de obra e serviço: Em construções e instalações voltadas para o setor alimentício.


Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico: Em situações que demandem análise especializada em alimentos e processos.


Desempenho de cargo e função técnica: Em empresas e órgãos públicos.


Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica, extensão: Contribuindo para o avanço do conhecimento na área.


Elaboração de orçamento.


Padronização, mensuração e controle de qualidade: Garantindo a segurança e a conformidade dos produtos alimentícios.


Desenvolvimento de novos produtos e processos.


Acondicionamento e preservação de produtos alimentares.


Manejo de efluentes industriais líquidos e sólidos.


Vigilância sanitária de produtos alimentares.



O Sistema CONFEA/CREA (Conselho Federal e Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia) é o responsável por fiscalizar e regulamentar o exercício profissional dos engenheiros no Brasil, garantindo o cumprimento da legislação.


Fonte: Crea SP - visite o site oficial www.creasp.org.br