Com apoio do governo de São Paulo, análise revela que Estado tem potencial para liderar a transição energética
Um estudo inédito revela o significativo potencial do Estado de São Paulo para se tornar um líder na produção de biometano, um combustível renovável com múltiplos benefícios ambientais e econômicos. A análise aponta que, em um curto prazo, o estado pode gerar cerca de 6,4 milhões de metros cúbicos de biometano por dia, atraindo mais de R$ 30 bilhões em investimentos e criando aproximadamente 20 mil empregos. Esta transição energética promete avançar em até 16% nas metas de mitigação de emissões de gases de efeito estufa, além de melhorar a qualidade do ar e impulsionar uma nova indústria local.
A importância deste potencial foi um dos temas centrais no bloco 'Explorando as potencialidades do mercado de biogás', durante o 12º Congresso Estadual de Profissionais do Crea São Paulo, realizado em 9 de agosto de 2025, em São Paulo. O debate reforçou que a área requer a atuação de uma gama diversificada de profissionais registrados no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), a exemplo de engenheiros ambientais, engenheiros agrônomos, engenheiros químicos, engenheiros mecânicos e engenheiros eletricistas.
Apesar do cenário promissor, a competitividade figura como o principal desafio para o desenvolvimento da indústria de biometano em São Paulo. Para que o biometano seja uma alternativa viável ao consumidor final, especialmente no setor industrial, é fundamental que ele se equipare economicamente a outros energéticos substitutos, como o gás natural, com o qual é totalmente intercambiável. A localização do potencial de produção em regiões distantes dos grandes centros de demanda paulistas adiciona custos logísticos ao preço final, dificultando sua competitividade no mercado.
Para superar esse obstáculo, são necessárias ações estratégicas de curto e longo prazo. No curto prazo, a valoração do atributo ambiental, financiamentos adequados e incentivos tributários são cruciais. A longo prazo, a adaptação de tecnologias e indústrias em São Paulo será essencial para fortalecer a cadeia produtiva do biometano e garantir sua inserção definitiva na matriz energética do estado.
Um planejamento territorial integrado é imperativo para que o biometano seja efetivamente incorporado à matriz energética paulista. Isso implica em estabelecer uma nova lógica de planejamento de infraestrutura que conecte diversos produtores de biometano às redes de distribuição de gás. A criação de um programa de polos de biometano, negociações durante as renovações das concessões de distribuição de gás e a participação do estado em investimentos prioritários para o mercado são passos fundamentais.
Além disso, estimular a demanda por biometano na indústria e no transporte pesado é crucial. No setor industrial, o foco deve estar em empresas que valorizam a descarbonização e estão dispostas a investir em soluções sustentáveis. No transporte, é vital incentivar o consumo de biometano pelos próprios produtores em suas frotas, facilitar condições de financiamento e desenvolver equipamentos adaptados. A criação de corredores sustentáveis, com incentivos fiscais e financiamento, será essencial para veículos de carga e para atrair investimentos em novas frotas e transformações de caminhões existentes.
Em suma, São Paulo precisa desenvolver um programa estratégico abrangente para o biometano. Este plano deve estar alinhado às metas de redução de emissões de carbono e ao plano energético estadual, contendo diretrizes claras para aumentar a competitividade do biometano, planejar a infraestrutura logística, ativar a demanda nos setores de transporte e indústria, e fomentar o desenvolvimento de uma cadeia industrial de biometano no estado. A incorporação de ações de curto e longo prazo, juntamente com um conjunto adequado de incentivos, será determinante para o sucesso dessa iniciativa transformadora.
Acesse ao estudo pelo link:
Biogás: conheça os tipos e as vantagens do uso
Você já ouviu falar em biogás? Esta alternativa vem sendo muito considerada para driblar as mudanças climáticas na produção de energia mundial, já que, além de ser sustentável, foge da futura escassez de combustíveis fósseis.
Neste conteúdo técnico, você verá quais são os tipos e as vantagens do uso de biogás para o meio ambiente e como ele pode ser um aliado para a sustentabilidade. O biogás é um gás produzido por meio da decomposição de matérias orgânicas, como resíduos de alimentos, esterco animal, lodo de esgoto, entre outros resíduos biodegradáveis.
Ele é um biocombustível de fonte alternativa, limpa e eficiente, que é produzido através da fermentação anaeróbica de bactérias presentes nesses resíduos e dejetos.
Isso acontece devido à conversão da energia química do gás para a energia mecânica do movimento por meio de um processo controlado de combustão que pode ser tanto direta quando por gaseificação e, por fim, por decomposição. Com os debates de grandes instituições sobre o futuro da produção da energia no mundo, o biogás tem recebido grande destaque, já que não causa impacto ambiental em comparação com as usuais tecnologias de geração energética.
Tipos de biogás
Biogás espontâneo
O biogás espontâneo ocorre naturalmente em ambientes onde a matéria orgânica se decompõe na ausência de oxigênio em um processo conhecido como fermentação anaeróbica.
Isso acontece em ambientes como pântanos, lagoas de decomposição de resíduos orgânicos e fundos de lagos. O gás produzido é uma mistura de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), com pequenas quantidades de outros gases.
Biogás antrópico
O biogás antrópico é produzido por meio de intervenção humana com o objetivo de aproveitar a produção de gás a partir de resíduos orgânicos. Isso é frequentemente feito em instalações chamadas biodigestores.
Biodigestores são sistemas fechados nos quais a matéria orgânica é decomposta anaerobicamente, resultando na produção de biogás. Esse biogás pode ser utilizado como fonte de energia para aquecimento, eletricidade e até mesmo como combustível para veículos.
Vantagens do uso do biogás
Como qualquer energia limpa, uma das grandes vantagens do biogás está na sua produção sustentável, já que é uma energia renovável que utiliza resíduos em decomposição para acontecer. Diferente de outras energias renováveis e limpas, o biogás é uma alternativa relativamente viável e de processo sustentável em comparação com as demais, já que reduz o lixo existente no mundo, evitando a contaminação do solo e da água.
A desvantagem da produção de biogás está no teor elevado de metano e dióxido de carbono, o que colabora para a piora do efeito estufa. Mesmo assim, quando produzido da forma correta, essa alternativa impede que esses gases, que já seriam emitidos naturalmente na atmosfera, sejam liberados na atmosfera ao se transformarem em água e em gás carbônico por meio do processo da queima. Em outras palavras, a produção de biogás é muito vantajosa para o meio ambiente.
Biogás e biometano impulsionam transição energética e economia circular
Especialistas apresentam os meios de implementação da alternativa à área tecnológica
Transformar resíduos em energia limpa, reduzir emissões e gerar oportunidades econômicas: esse foi o foco do bloco ‘Explorando as Potencialidades do Mercado de Biogás’, realizado no dia 9 de agosto, durante o Colégio de Inspetores 2025 e o 12º Congresso Estadual de Profissionais (CEP) do Crea-SP, ocorridos no espaço Mercado Pago Hall, no Mercado Livre Arena Pacaembu. A atividade integrou a programação do palco com a temática de Cidades Resilientes, uma das quatro atrações simultâneas oferecidas aos cerca de 3 mil profissionais da área tecnológica que participaram dos encontros.
Mediado pelo engenheiro Wagner Mancini, gerente comercial de Inovação e Novos Negócios na Ecogen Brasil, o painel reuniu diferentes frentes da cadeia produtiva e consumidora de biogás e biometano. Mancini destacou a visão da indústria sobre segurança no fornecimento de recursos, sustentabilidade e descarbonização, citando o caso do biodigestor da Unilever, que produz energia térmica limpa e verde para o setor alimentício. “O biometano é uma porta aberta para descarbonizar a indústria e fortalecer a economia. São Paulo tem condições reais de operar com energia 100% limpa no futuro”, afirmou.
A Eng. Bruna Biazzi, gerente de Novos Negócios na Necta, empresa integrante do Grupo Cosan, ressaltou o biogás como vetor estratégico para a transição energética, com potencial para substituir os combustíveis fósseis. “Quando conseguimos transformar resíduos em energia limpa, unimos sustentabilidade e economia em uma mesma equação de valor”, disse.
Já a Eng. Waleska Kronitzky, consultora da Amplum Biogás, apresentou dados do estudo ‘O Biometano em São Paulo: Potencial e medidas para alavancar a produção’, elaborado em parceria entre entidades e órgãos governamentais. O levantamento detalha a cadeia de valor do biogás e sua logística, além de comparar o desempenho do biometano ao diesel na redução de emissões de poluentes. “O biometano pode reduzir significativamente os gases de efeito estufa, gerar empregos e transformar a gestão de resíduos em oportunidade econômica. Para isso, é fundamental alinhar oferta e demanda de forma inteligente”, defendeu Waleska.
Após as exposições, foi promovida ainda uma roda de conversa que aprofundou os debates sobre as questões de viabilidade econômica, avanços regulatórios e ampliação da infraestrutura necessária para expandir o uso do biogás e do biometano no Brasil.
O diálogo evidenciou como o avanço dessas fontes depende de um ecossistema integrado, capaz de unir inovação tecnológica, investimento privado e políticas públicas consistentes. Mais do que uma alternativa energética, os recursos representam um caminho para fortalecer a economia circular, reduzir impactos ambientais e impulsionar a autonomia do país, passos essenciais para a construção de cidades mais resilientes e sustentáveis.
O assunto também ganhou espaço no videocast ‘Cidades em Transformação’, produzido pelo portal Metrópoles durante o evento. No episódio, a jornalista Brenna Farias conversou com Bruna e o convidado Thiago Roza, gerente comercial de Soluções de Recarga da BYD e integrante do Comitê de Carregadores de Veículos Elétricos do Crea-SP, sobre os desafios da descarbonização no transporte e o papel estratégico das soluções de Engenharia nesse processo.
Fonte: Crea SP - visite o site oficial www.creasp.org.br
